lituanos, como de Alfonsas Marma, são jogadas no esquecimento,
ou em um limbo de vergonha. Passou a ser algo que não deve
ser comentado e quando se menciona deve-se obrigatoriamente
acrescentar uma ideia de culpa e de vergonha. Não raramente
os comunistas são vistos como traidores do país e da nação.
O resultado de tantos embates ideológicos é que histórias
como as de Marma ficam perdidas entre o culto pretendido pelos
soviéticos e o esquecimento desejado por uma Lituânia, que
hoje se quer ocidentalizada, ou ao menos a sua elite que se
beneficia disto. Em meio a uma coisa e outra, e sem olhar para
si mesma, vive a Lituânia as suas tensões e traumas com seu
passado e futuro.
Em matéria de esquecimento, os brasileiros também manejam
um jogo perigoso. Aqui se prefere esquecer os crimes de
Estado e quem tenta lembrá-los e pedir justiça é logo chamado
de revanchista pelos grupos midiáticos, que cresceram
e se beneficiaram dos 21 anos de ditadura civil-militar. Os
intelectuais conservadores fazem também o trabalho sujo e os
crimes políticos ficam longe de nossa memória e de nossa história.
Novamente aqui, como lá, a história de Alfonsas Marma
é jogada no esquecimento. Nada de novo nisso tudo, quem tenta
mudar o mundo carrega o peso de ser incômodo, mas ele nunca
desistiu de mudá-lo, nós também não, e por isso lhe rendemos
essa breve homenagem.