O Mato Grosso do Sul é um estado conhecido por sua extensão territorial, sua biodiversidade e sua complexidade sociocultural. Tamanha diversidade nos presenteia com novas contingências a serem conhecidas e investigadas. Por outro lado, a distância física entre os centros universitários e o escasso número de analistas do comportamento, são um desafio ao entrelaçamento de contingências que fortaleçam e sustentem uma prática cultural analítica comportamental no estado.Uma das estratégias para suplantar tais dificuldades foram a realização de eventos científicos como as Jornadas de Análise do Comportamento (JAC). Em 2019 houve a A IV Jornada de Análise do Comportamento do Mato Grosso do Sul (JAC-MS) contou com a parceria da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade Católica Dom Bosco, de Campo Grande (UCDB). Além disso, contou com o apoio do apoio do Conselho Federal de Psicologia (CFP). O evento reuniu cerca de 250 espectadores entre acadêmicos e profissionais da Psicologia vindos de diversas partes do estado. Os trabalhos apresentados no evento resultaram no segundo volume do livro Diálogos em Análise do Comportamento foi publicado.
A coletânea Diálogos em Análise do Comportamento II é fruto de um esforço coletivo para manter uma rede colaborativa entre pesquisadores, profissionais e alunos interessados na Análise do Comportamento. Nela são apresentados trabalhos desenvolvidos por analistas do comportamento locais e parceiros de outros estados que gentilmente aceitaram o convite de auxiliar no fortalecimento e disseminação dos conhecimentos analíticos comportamentais no Mato Grosso do Sul.
Nesta obra de 11 capítulos, os leitores são convidados a desfrutar conosco das explanações realizadas nos nossos eventos. No primeiro capítulo somos agraciados com uma discussão necessária sobre o preconceito na revisão bibliográfica de Táhcita M. Mizael e João H. de Almeida. No trabalho com o título “Uso do paradigma de equivalência de estímulos no estudo do preconceito: uma revisão dos estudos da área”, os autores revisaram a literatura do paradigma de equivalência de estímulos no estudo do preconceito.
No segundo capítulo de Jéssica Cassiano Lopo Vital, Rayni Paes Niemiez e Franciele Ariene Lopes Santana intitulado “Comportamento de estudar: autorregulação da aprendizagem no ensino superior”, os leitores conhecerão os resultados do trabalho realizado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) com oficinas de estratégias de estudos e organização do tempo com estudantes. Trabalho este que tem proporcionado mudanças na organização da vida acadêmica dos estudantes, demonstrando como novos hábitos de estudos podem ser aprendidos.
O capítulo 3 apresenta uma revisão bibliográfica realizada pela autora Priscila Ferreira de Carvalho Kanamota sobre o estado da arte dos trabalhos publicados no Brasil sobre treinamento de pais de pessoas com autismo. O capítulo tem o tema “Treinamento de pais de indivíduos com transtorno do espectro autista na análise do comportamento: revisão de literatura em bases de dados nacionais”.
Intitulado “O contraste comportamental: aplicações da Lei da Igualação com estudantes universitários”, dos autores Pablo Cardoso de Souza, Marcos Vinicios Pereira da Cruz, Dauã Luiz de Costa Dalla Corte e Gabriel Henrique Nunes Franco, é o quarto capítulo do livro e apresenta uma pesquisa básica que investiga processos psicológicos básicos como o contraste comportamental em esquemas múltiplo e concorrente. O capítulo apresenta alternativas metodológicas para o estudo do comportamento humano no contexto experimental.
No capítulo 5, as autoras Izabela Decknes Corrêa, Vitória Ramos Marianno, Mayane Marques Andreu e Luziane de Fátima Kirchner discorrem sobre a dor crônica. Em “Contribuições da terapia de aceitação e compromisso para adultos com fibromialgia” os leitores poderão verificar a análise de oito estudos que apresenta a eficácia e a efetividade da ACT a pessoas com Fibromialgia.
O sexto capítulo, de Pietra Garcia Oliveira, Thaize de Souza Reis e Lucas Ferraz Córdova, intitulado “Análise das contingências patriarcais: o feminismo como prática de contra controle” os autores discorrem, segundo uma visão analítico comportamental, como algumas práticas culturais seculares impõem uma condição de opressão às mulheres e das várias manifestações do feminismo como uma estratégia de contraposição a esta situação de desigualdade entre os gêneros. De autoria de Daniel Santos Braga, Rodrigo Lopes Miranda e André A. B. Varella, o capítulo 7 “Terapia analítico-comportamental infantil: uma revisão narrativa da coleção ‘Sobre Comportamento e Cognição’”, resgata os capítulos publicados sobre terapia com criança e se debruça a investigar se esses capítulos contemplam as definições e estratégias desse modelo de intervenção da TACI.
Em “Videomodelação no treinamento de terapeutas para implementar ensino incidental em crianças com autismo: um estudo piloto, os autores Bruna Cobalchini, Thiago dos Santos Ferraz, Carlos Magno Corrêa de Souza e André Augusto Borges Varella, apresentam o resultado de uma intervenção com duas acompanhantes terapêuticas que foram submetidas a um treino de videomodelação. O capítulo 9, “Considerações sobre responsividade terapêutica em atendimentos à pais/cuidadores com a utilização do programa promove-pais” das autoras Priscila Ferreira de Carvalho Kanamota e Alessandra Turini Bolsoni-Silva, trata-se de uma pesquisa de processo que enfatiza a importância dos terapeutas de considerarem a variável relação terapêutica mesmo quando adotam um protocolo de atendimento padronizado. O capítulo também destaca a utilidade dos programas PROMOVE na consideração da responsividade terapêutica.
O décimo capítulo aborda “O papel do controle metafórico na ciência e na arte”. Os autores Lucas Ferraz Córdova e Priscila Sampaio Espíndola explicam como as categorias de operantes verbais elaborados por B.F. Skinner podem ajudar a compreender as manifestações artíticas segundo uma abordagem pragmática e funcionalista. Para finalizar a obra, o capítulo intitulado “História do behaviorismo: o que sabemos até hoje?” dos autores Fernando Andrés Polanco e Rodrigo Lopes Miranda, nos remete a uma compreensão organizada dos registros históricos sobre o behaviorismo. Apresenta de maneira cronológica os acontecimentos, ideias, personagens e instituições que foram parte central de uma Psicologia, como o estudo do comportamento.
Esperamos que a leitura seja útil, prazerosa e potencializadora. Sejam todos bem-vindos a leitura dessa obra!
Priscila Ferreira de Carvalho Kanamota
Pablo Cardoso de Souza
Luziane de Fátima Kirchner
(Organizadores)