Toda sorte de laços políticos pessoalizados – como o mandonismo, o senhorialismo, o coronelismo, o culto da personalidade, o populismo – articulam-se a elementos estruturais e conjunturais, econômicos e sociais, em cenários onde o personalismo político prevalece. Sua amplitude ideológica incorpora um imenso leque de variantes ideológicas, acionando diversos quadrantes políticos, desde os supostamente libertadores aos declaradamente proféticos. Todos distorcem a realidade política e social. Sua manifestação vai além de sua óbvia relação com as ditaduras conservadoras. Plasticamente, o personalismo político também se imiscui nos regimes políticos contrários ao seu princípio, notadamente as democracias liberais. Aparece de igual nas chamadas democracias revolucionárias. Envolto em elos emocionais e simbólicos, transversalmente presente em variados regimes políticos, o personalismo promete soluções rápidas, gere ressentimentos e promete redenção. Alheio às mediações, ao pluralismo e aos procedimentos mediados, seu desiderato maior é transformar o que é denso e complexo em simples e rápido, o que é incerto e impreciso em convicção unidirecional.