Miguel González
No panorama do cinema francês contemporâneo, Arnaud Desplechin é um dos mais fieis continuadores da “nouvelle vague”, lembrando a Jacques Rivette o ao Truffaut de “As duas inglesas e o amor”. Neste filme, adota uma perspectiva pouco explorada para explicar um personagem, a do diálogo permanente com o passado para entender o que somos. Como na vida real, as condutas dos amantes são, com frequência, irracionais e expressam contradições. Estilisticamente, se afasta da naturalidade habitual de boa parte do cinema francês contemporâneo e cria uma atmosfera envolvente (embora não tanto quanto a de “O escafandro e a borboleta”) que ajuda a representar as emoções dos personagens. Recomendo, mas lembrando que estamos ante um filme “cult”.