Helena é o terceiro romance de Machado de Assis. O livro se inicia com a morte do Conselheiro Vale, funcionário do governo que criou certa fortuna no Brasil Império. O Conselheiro é retratado como homem de ótimas relações na alta sociedade carioca e de certa inclinação à vida boêmia. De seu sucesso como figura pública, a família herda tanto uma fortuna considerável quanto relações duradouras com detentores do poder do Brasil da época: padres, médicos e políticos. De sua vida desregrada, contudo, a herança é uma filha ilegítima até então desconhecida, a jovem Helena. O último pedido do Conselheiro se expressa em seu testamento nos seguintes termos: seu filho Estácio e a parenta Dona Úrsula devem aceitar Helena como um membro legítimo da família assim que ela deixar a escola. Boa parte da trama lida com a difícil adaptação da moça no novo ambiente familiar. Machado de Assis se vale de temas tradicionais da tradição romântica francesa (romances proibidos, incesto, conflitos entre classes sociais) e a partir deles desenvolve métodos de exposição de paradoxos próprios da psicologia humana e da vida em sociedade que se tornaram marca distintiva de sua ficção.