Dizem que quando reformamos nossa casa, reformamos também a nossa alma. É o que esperamos que nos aconteça ao final dessa peleja. Há um bom tempo que estamos reformando a nossa, e o mais complicado é que a tal reforma está acontecendo com a gente dentro dela.
Verdadeira prova de fogo, um grande teste de paciência e de resistência. Os inconvenientes do quebra-quebra são de enlouquecer até mesmo o mais santo dos homens ou a mais santa das mulheres. Barulho, poeira, caliça, descômodo. . .E o mais terrível da lista, em nossa situação: falta de privacidade.
Oh! Meu Deus! Tire-nos o sol e a lua, mas não nos tire a privacidade. Contudo, é dessa forma que ultimamente estamos sobrevivendo, como em um grande acampamento, vivendo no improviso: lona preta delimitando espaços, cobrindo móveis, anoitecendo tudo. Em meu quarto, entrincheirada, ouço o barulho ensurdecedor do telhado sendo removido.
Os ruídos onomatopeicos sobre a laje exasperam-me. Em meio à luta, refugiada em minha cama, tento relaxar. Em minhas mãos, VIVÊNCIAS, o décimo quinto livro de autoria do confrade Wanderlino Arruda, professor, escritor, advogado, pesquisador, jornalista, artista plástico, poeta.