Rob Packer, poeta inglÊs em constante deslocamento geogrÃĄfico, tambÃĐm se desloca por lÃnguas neste A previsÃĢo do tempo para navios, escrito originalmente em portuguÊs. Partindo de boletins meteorolÃģgicos para navios transmitidos pela BBC inglesa, Packer faz um cruzamento entre memÃģria e histÃģria coletiva. Ao transcrever e traduzir esses boletins, o poeta vai se lembrando de sua infÃĒncia, de quando os ouvia na rÃĄdio, para chegar, pouco a pouco, numa reflexÃĢo sobre o colonialismo inglÊs. Se o Brasil pode parecer distante da questÃĢo por nÃĢo ter feito parte do impÃĐrio britÃĒnico, aos poucos o livro opera uma mudança desse ponto de vista, afinal, as tecnologias de navegaçÃĢo, como a que se revela nesses boletins, tiveram um papel determinante no processo de escravizaçÃĢo. O autor morou no Rio de Janeiro por oito anos e acompanhou a descoberta arqueolÃģgica de um cemitÃĐrio de escravizados no centro da cidade. De camada em camada de texto, Packer escava a poesia como gÊnero e, com isso, tambÃĐm a prÃģpria lÃngua e a histÃģria. Adelaide IvÃĄnova escreve, no texto de orelha, que "o livro de Rob ÃĐ muito comovente: sendo que comover, do latim "commovÄre", significa algo como mover conjuntamente: uma pessoa comovida ÃĐ alguÃĐm que foi retirada do seu estado natural por circunstÃĒncias externas".