Amazônia Babel: línguas, ficção, margens, nomadismos e resíduos utópicos

Simone de Souza Lima

Jul. 2014 · Letra Capital Editora LTDA

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 A Pan-Amazônia (ou Amazônia Internacional) tem sido o palimpsesto, manuscrito sob o qual se inscrevem e se embaralham as subjetividades que são as gentes amazônicas, lugar de onde testemunham as narrativas históricas e/ou ficcionais. Também lugares de muitas geografias, riqueza mineral, vegetal e hídrica extraordinária e vária; de riquíssima diversidade biológica, entrevista em sua complexidade em relação a outros ecossistemas importantes, como o linguístico, de onde se descortinam flagrantes histórias das línguas dos povos desse amplo território misturado/embaralhado – marcado por diferenças ainda não conhecidas. Acreditamos serem as espacialidades amazônicas redes de comunicação marcadas pela mobilidade, constituídas por percursos e paisagens variadas, com suas florestas e rios interconectados a bacias fluviais importantes, lugares de (im)permanência e trânsitos das gentes do próprio lugar ou vindas de fora, na vivência de deslocamentos através da circulação de corpos, ideias, línguas, produtos materiais diversos, crenças, símbolos e imaginários. Por ora, fixemos nossa atenção a uma forma de mobilidade/deslocamento – a diáspora. Podemos caracterizar esses deslocamentos diaspóricos como intra-continentais e extra-continentais, andanças voluntárias e/ou involuntárias a que foram submetidos os seringueiros oriundos do Nordeste brasileiro, ou parte significativa das populações indígenas habitantes das fronteiras amazônicas e, presentemente, por haitianos que usam as cercanias amazônicas como fuga para as regiões mais ricas do Brasil. São muitas as narrativas ficcionais calcadas na vida cotidiana nos seringais, nas correrias e expulsão de índios das florestas amaz