Lula Bernardo regressa ao interior de Alagoas na intenção de reencontrar sua família e trazer as boas-novas da modernidade à terra natal. Influenciado por tudo o que leu e viu na cidade grande, pretende salvar os habitantes da ilha de Santa Luzia de uma vida miserável e repleta de doenças. Mas suas ideias encontram um ferrenho opositor: o coronel Totô de Canindé, personagem que encarna o latifúndio, a incivilidade e, principalmente, a violência. Nas falas de Totô podemos identificar os códigos de segregação racial e social que, até hoje, dizem muito sobre o nosso país.
Jorge de Lima, ao contrário de tantos gigantes da nossa literatura que fundaram suas obras na paisagem seca e flagelada do Nordeste — como Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Graciliano Ramos —, ambientou seu Calunga na terra ensopada dos mangues, em meio a chuvas torrenciais, no lamaçal açoitado pelo vento e o frio úmido. Uma região devastada pelo descaso e pela ganância, com consequências terríveis para aqueles que tiram da lama o seu sustento.
"Jorge de Lima sempre teve esse olhar solidário e piedoso em relação aos oprimidos, uma das marcas de sua poesia; dessa vez, porém, ele quer tomar parte na luta, ao lado dos oprimidos." — Claufe Rodrigues, no prefácio deste livro
"O clima da obra é o da indignação." — Antônio Rangel Bandeira
"Há no livro uma espécie de força genésica que não abandona nem uma de suas páginas." — Murilo Mendes
JORGE DE LIMA — poeta, romancista, pintor, político, médico e ensaísta — nasceu em 1893, em União dos Palmares (AL). Em 1908 foi estudar medicina em Salvador, e em 1914 se mudou para o Rio de Janeiro, onde concluiu o curso. Então retornou a Maceió para atuar como médico e se dedicar à literatura e à política. Recebeu inúmeras premiações por sua obra — que inclui poesia e romances. Em 1947 publicou Poemas negros e, em 1952, Invenção de Orfeu. Faleceu em 1953, no Rio de Janeiro.