O assombrado que dei aos meus versos, com traços de inconsolável desconforto, não foi capricho de poeta byroniano.
Praza a Deus que o fosse!
Choradas e lutuosas como o desalento, se estas trovas assim não fossem, eram Mentiras e não Inspirações.
Colecionando-as, deparei o mesmo pensamento sob muitas formas.
Era a desgraça moral – o desgosto profundo, o peso da vida. Deixei-o nelas todas, porque a desgraça tem variadas manifestações.
É como as lágrimas, que vêm, uma após outra, com o mesmo travo aflitivo.
Se amanhã me disserem que nada prestam estas páginas copiadas da minha alma – esta revelação confusa dos meus insondáveis mistérios – eu não maldigo o meu livro, nem choro morta alguma das minhas desvanecidas esperanças.
Nada espero daqui.
Bem longe de estrear-me para melhor fortuna em novos versos, eu protesto e juro ao leitor, sob a mais santa das minhas crenças no céu – já que doutras não tenho – que não verá jamais poesia minha.
A crítica deve levar-me em saldo de contas este sério juramento, se em má hora vier, armada d’armas negras, pôr-me fora do glorioso torneio dos poetas.
Fora já eu estou, e parece-me que estava há muito.
Se eu ao menos pudesse, no dia das justas, dar um homem por mim!... Era-me tão fácil depará-lo sem acender a lanterna de Diógenes!..." (Camilo)