Este livro é um registro de minhas reflexões a respeito da experiência de tratar crianças autistas, psicóticas e borderline com métodos da psicoterapia psicanalítica. Algumas das crianças e dos adolescentes que descrevo são pacientes psicóticos que começavam a melhorar. Outras são psicóticas borderline que estiveram pairando à beira do abismo. Todos, espero, dão uma ideia dos dois mundos: o da sanidade e o da loucura, da fragilidade de um e do poder ameaçador e sedutor do outro. Esses pacientes podem ser ajudados por métodos psicanalíticos, mas o tratamento é longo, árduo e quase sempre exerce uma pressão considerável sobre o terapeuta. Mesmo assim, há um consenso crescente de que essa pressão e esse peso são, de algum modo, fundamentais para o tratamento.