Importante por si sÃŗ, o aprofundamento do tema do pai em Winnicott preenche uma lacuna e busca corrigir um equÃvoco existente nos estudos da obra do autor. Ainda que altamente relevante, a questÃŖo recebeu atÊ o presente momento pouca atençÃŖo das pesquisas dedicadas à obra winnicottiana. A literatura secundÃĄria sobre Winnicott deu especial ÃĒnfase à relaçÃŖo mÃŖe-bebÃĒ, justificÃĄvel pela importÃĸncia que o prÃŗprio autor dÃĄ ao assunto em suas formulaçÃĩes teÃŗricas. Embora exista essa ÃĒnfase na provisÃŖo materna, Winnicott nÃŖo deixou de tratar da questÃŖo do pai e da enorme importÃĸncia e valor que sua presença, açÃĩes e falhas exercem durante toda a vida da criança, desde o momento da concepçÃŖo, passando pelas fases iniciais â quando o pai, em conjunto com a mÃŖe, forma o ambiente total no qual o bebÃĒ habita â e acompanhando todas as fases posteriores (concernimento, vida familiar, relaçÃĩes triangulares com base genital, adolescÃĒncia etc.) do amadurecimento humano.Uma vez que Winnicott construiu novas bases teÃŗricas para apoiar sua compreensÃŖo da natureza humana e da prÃĄtica clÃnica, era natural que o papel do pai tambÊm se modificasse nesse novo quadro teÃŗrico, nÃŖo se restringindo ao clÃĄssico interventor do estÃĄgio edÃpico, mas assumisse diferentes aspectos ao longo das fases do amadurecimento pessoal, de acordo com a crescente maturidade do indivÃduo. Com efeito, antes de o pai surgir como um dos polos do triÃĸngulo edÃpico, ele jÃĄ estÃĄ presente, de diferentes maneiras, na vida do bebÃĒ. Mas nÃŖo apenas: à luz do amadurecimento, em suas etapas mais primitivas, Winnicott redescreve a fase das relaçÃĩes triangulares e, nela, o papel do pai e as relaçÃĩes que caracterizam a situaçÃŖo edÃpica. O estÃĄgio edÃpico ou, na linguagem de Winnicott, o estÃĄgio das relaçÃĩes triangulares com base genital, nÃŖo Ê mais pensado como o perÃodo no qual se constitui o psiquismo humano, sendo apenas uma etapa â da maior importÃĸncia, Ê certo â entre as que compÃĩem o processo de amadurecimento.