"Aproveitem cada palavra deste livro. Ele foi escrito com tudo o que mais falta neste mundo: Amor." – Ana Claudia Quintana Arantes, autora de A morte é um dia que vale a pena viver
“Falei tanto sobre vida e morte, sobre viver o presente, sobre legado, que não me parecia correto sair à francesa e deixar o leitor no vácuo. Então a gente já combina aqui: nesta história a menina não morre no final. Ela vive: nas palavras. E isso basta.”
A jornalista Ana Michelle Soares já convivia com o câncer fazia mais de uma década quando, em 2022, a doença se agravou. A descoberta de lesões no cérebro levou a uma radioterapia agressiva.
Com efeitos colaterais devastadores, AnaMi entendeu que talvez a finitude estivesse bem perto. O caminho pelo desfiladeiro da vida ficava cada vez mais estreito.
Então, com coragem e presença, ela criou a derradeira lista de desejos e começou a realizá-los, um por um. A casa na montanha. A festa de 40 anos. Não deixar nada por dizer às pessoas que amava. Escrever o último livro, este.
Sem jamais perder a esperança, AnaMi em nenhum dia deixou de viver, se adaptando às limitações que surgiam. Foi assim até o último suspiro, no dia 21 de janeiro de 2023.
Na fase mais difícil de todas, ela ousou olhar a morte nos olhos, sem medo, com curiosidade pelo grande mistério, preenchendo a alma de eternidade até o final deste tempo chamado vida.
ANA MICHELLE SOARES ou AnaMi, como gostava de ser chamada, era jornalista de formação e paliAtivista de coração. Paciente de câncer de mama desde 2011, AnaMi criou o perfil @paliativas no Instagram, onde compartilhava sua rotina como protagonista do próprio tratamento, desmistificando o conceito de cuidados paliativos e transformando a finitude na mais importante ferramenta de autoconhecimento que existe. Entre uma quimioterapia e outra, realizava desejos de sua bucket list e vivia intensamente os últimos melhores momentos de sua vida. Faleceu em 2023, logo após concluir o manuscrito de Entre a lucidez e a esperança.