Fernanda Bastos apresenta neste livro um conjunto de poemas curtos alinhavados por uma gramática de quem vive a festa, não na composição do samba-enredo ou no desenho dos figurinos, mas na imensidão dos dias de espera e preparação do exército de corpos que sonham a folia. Ela alinhava fragmentos de vivências e memórias, passa ao largo da convencional exuberância da escola de samba, para iluminar, em meio ao transe do exército de passistas, a voz sábia do avô, a ancestralidade e a presença negra na maior festa popular do planeta. Para a prefaciadora Cidinha da Silva, "neste conjunto, a quadra (da escola de samba) é um lugar de ensinar sobre Áfricas e de reinventá-las, de constituir diásporas e espraiá-las". A Biblioteca Madrinha Lua pretende reunir poetas que nos aparecem pelas frestas do mercado editorial, pelas fendas do debate literário amplo. Já no final da vida, Henriqueta Lisboa, nossa poeta madrinha, se fazia uma pergunta dura, sem resposta previsível, em especial para as mulheres que escrevem: "Terá valido a pena a persistência?".