Como é que Putin conseguiu galvanizar o seu povo para o apoiar na guerra genocida contra a Ucrânia? E porque é que tantos russos abraçam o fascismo? A Rússia está hoje impregnada de simbologia fascista. Cidadãos zelosos atacam jornalistas, ativistas e qualquer pessoa suspeita de trair a pátria. A população é instada a juntar-se à causa por hordas de trolls e vídeos online nos quais jovens zangados não se cansam de berrar frases patrióticas. A televisão estatal aterroriza a sua audiência com histórias forjadas sobre conspirações contra a nação e crianças-soldado desfilam pela Praça Vermelha. É assim a Rússia de hoje: uma terra feita de raiva tornada espetáculo, onde uma mentalidade apocalíptica se apodera dos russos de amanhã. Num relato impressionante, feito a partir do terreno, o historiador Ian Garner revela como se tem vindo a formar na Rússia uma geração mais radical e violenta do que alguma vez se viu, e projeta o futuro sombrio que aguarda o país – e todo o mundo – se esta tendência crescente não for travada.