O sol dourava as brechas entre os morros, mais ao longe, por trás da fazenda. Em minutos o céu começaria a acinzentar-se; as primeiras luzes na casa-grande se acendiam e piscavam. – Tanta terra boa, meu Deus! Guarda o suor dos meus antepassados... todo o trabalho do meu pai... todo o meu empenho em fazer o melhor... E agora, para que tudo isso? – meditava, enquanto um vento se movia de dentro da mata para chegar a seu corpo e o invadir, levando a ele solidão. Miguel aspirou o cheiro de segredo da mata. Quando menino, ia ali caçar com os adultos. Sua memória trouxe-lhe os latidos do cão fiel, há muito enterrado. As passadas do avô, pausadas, cautelosas, ao empunhar a espingarda, o tiro seco e certeiro.