O paisagista chegou ao Recife em meados de 1934. Nasceu e viveu em São Paulo, também na Alemanha, e na maior parte de sua vida morou no Rio de Janeiro. Atendeu ao convite de Carlos de Lima Cavalcanti, então governador de Pernambuco, para chefiar o Setor de Parques e Jardins da Diretoria de Arquitetura e Construção (DAC) do Estado de Pernambuco, que estava sob o comando do arquiteto Luiz Nunes. Nesse cargo, que ocupou de 1934 a 1937, Burle Marx vivenciou um rico período de projetos e experimentações, quando teve a oportunidade de desenhar mais de 10 praças públicas. Ele foi responsável por alguns dos marcos urbanos do Recife, onde assinou em torno de 40 projetos, entre jardins públicos e particulares, até 1990. A presença e atuação do paisagista no Recife foi determinante para sua formação. Até então só havia feito, no Rio de Janeiro, capital federal na época, o jardim da residência Schwartz, a convite do arquiteto Lúcio Costa. Como revela Burle Marx em discurso no Seminário de Tropicologia, realizado pela Fundação Joaquim Nabuco em 28 de maio de 1985: (...) minha experiência no Recife foi fundamental para o rumo que, posteriormente, tomou minha atividade profissional. Hoje, depois de 50 anos, sinto que essas experiências foram válidas e determinaram minha maneira de construir jardins. Sobretudo elas ensinaram-me o valor de observar, de ver. (...) não tenho dúvidas que em Pernambuco começou tudo. O estado de abandono no qual se encontravam os jardins do Recife, naquela época, era evidente. Jornais de então cobravam do poder público melhorias estéticas e mais higiene, como se lê em matéria do Diario de Pernambuco de 12 de maio de 1936, que informava sobre a necessidade de "reformar algumas de nossas velhas e tristes praças e mesmo de criar novas, com jardins que não semelhem capoeirões".