Houve um tempo no Brasil, não muito distante, de criminalização do pensamento. O pensar diferente daqueles que exerciam o poder pela força das armas levou milhares de pessoas às masmorras da ditadura, ao sofrimento físico e moral das torturas, ao banimento, à clandestinidade, e às famílias as dores da morte e angústia sem fim do cruel desaparecimento. A repressão política agiu sempre ao arrepio de todos os princípios jurídicos reconhecidos pela Ordem Internacional para assegurar os direitos humanos e as garantias individuais, com desrespeito aos tratados e até mesmos às próprias normas legais internas impostas no período ditatorial que buscavam simular um estado democrático de direito. Nesse quadro, diversos foram os acontecimentos a marcar a brutal violência imposta aos militantes da oposição pelos agentes do Estado a serviço dos que exerciam com mão de ferro o poder expresso pelo uso da força. Entre outros, destaca-se o denominado "Massacre da Granja São Bento", quando seis componentes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) foram encontrados mortos naquela propriedade rural, situada na cidade do Paulista, Pernambuco, crivados de balas em clara evidência de execução sumária – "32 tiros dos quais 14 foram nas cabeças, muitos deles à queima-roupa".