SANTO IRINEU, bispo de Lyon do século II e mártir da fé cristã, é um dos mais notáveis Padres da Igreja. Privilegiado pelo momento histórico e eclesial em que viveu, a vida de Irineu apresenta valiosos elementos para o presente da Igreja: as perseguições, os inícios do ordenamento eclesial, as primeiras heresias e outros fatos importantes tiveram na pessoa de Irineu o testemunho essencial da fé cristã, recebida dos apóstolos e difundida na história, sob o Espírito de Deus. Por ter sido discípulo de São Policarpo de Esmirna (+156), que foi discípulo de São João Evangelista e amigo de Santo Inácio de Antioquia (+100), Irineu é apontado por alguns historiadores e patrólogos como o último dos Padres Apostólicos (grupo de escritores cristãos ligados à primeira geração, que teve contato com os apóstolos); outros afirmam que foi o primeiro dos Padres Apologistas, seguido por Tertuliano (+222) e Orígenes (+254). Irineu desempenhou a sua apologia para refutar as doutrinas gnósticas, difundidas entre os cristãos, seus contemporâneos. Ele escreveu para os líderes cristãos a fim de ajudá-los a proteger os seus fiéis dos gnósticos que pervertiam o Evangelho, senda iniciada no Novo Testamento e percorrida pelos Padres Apostólicos e pelos Padres Apologistas. A influência de suas obras fez com que Irineu seja considerado o primeiro grande teólogo do cristianismo e o fundador da teologia cristã. A obra de Irineu é de suma importância para a teologia cristã, seja porque muitas questões teológicas tiveram nela a sua primeira elaboração, seja porque é testemunha do século II, quando a Igreja católica meditava sobre as suas bases originais, apesar das crises, heresias e perseguições, e se projetava para o futuro. Com toda justiça, é considerado o maior teólogo do século II, pois sintetizou o pensamento cristão desse século e determinou a ortodoxia cristã antes de Orígenes.