[...] nunca a fronteira entre o original e a cรณpia esteve tรฃo prรณxima, embora nรฃo exclusividade de nosso tempo. No mercado glamouroso da arte, em que o culto ร obra resiste ร sua reprodutibilidade tรฉcnica, tambรฉm a chancela do que รฉ ou nรฃo รฉ depende, muitas vezes, de interesses. Exemplar disso รฉ o livro Eu fui Vermeer, de Frank Wynne, que trata da vida do pintor holandรชs Han Meegeren (1889- 47), que conseguiu fazer de bobo o mercado de arte e, por extensรฃo, os nazistas, ao pintar falsos originais do seu conterrรขneo. Para espanto geral, seu Cristo em Emaรบs รฉ considerado por alguns a melhor obra de Vermeer. O que sรณ confirma o dizer de Millรดr, sempre ele: "sรณ o que รฉ original merece ser copiado". Eu, de minha parte, fico feliz com o Picasso na parede de minha sala. Todos sabem que รฉ falso, mas continua sendo genial.