Rindo de nervoso: No Brasil da barbárie

Álvaro Fonseca Duarte · Athos Ronaldo Miralha da Cunha · Carlos Castelo · César Bueno Franco · Clara Tschumi · Daniela Funez · Danilo Brandão · Edson Amaro · Érika Batista · Felipe Pinheiro Barreto · Giselle Fiorini Bohn · João Paulo Celestino Lima · Lucian De Paula Bernardi · Mateus Rizzo · Patrícia da Fonseca · Pedro Guerra Demingos · Ricardo França de Gusmão · Rodrigo Domit · Rodrigo Ortiz Vinholo · Celso Lopes

Antologia Rindo de Nervoso

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A gente percebe a que ponto o Brasil chegou quando sites criados para postarem notícias ficcionais absurdas começam a perder a graça por não conseguirem competir com a realidade em nível de surrealismo. Mas, como dizia aquela velha propaganda ao som da música do Raul Seixas, “o brasileiro não desiste nunca”, e já surgiram por aí artistas de diversas artes correndo atrás do prejuízo para nos devolver o riso. Da charge ao deepfake, passando pelo meme e a paródia, novas obras pululam todos os dias na internet ajudando-nos a aliviar a tensão gerada pela somatória de uma pandemia com um desgoverno, e provando mais uma vez que rir é o melhor remédio. A ideia de uma antologia que ironizasse o Brasil atual surgiu quando percebemos que os escritores tampouco estão silentes e vêm tentando cumprir seu papel de médicos-cômicos, nem que seja para si mesmos e um pequeno círculo de amigos, escrevendo para desabafar, vingar-se dos algozes como sabem melhor. Dispersas, porém, suas vozes não chegariam longe e não atingiriam seu máximo potencial libertador. A antologia Rindo de Nervoso surgiu justamente para preencher esse vácuo, qual seja, a falta de um “megafone” para as vozes dos literatos nacionais. Ela reúne sátiras curtas que, expondo o ridículo da atual realidade brasileira com precisão e estilo, mostram, por vários ângulos, quão nu está o rei — e, honestamente, parte do povo também. Do mercado financeiro à cegueira dos espiritualmente iluminados, nada escapa aos olhos dos nossos satiristas, que expressaram as várias incoerências encontradas numa igual variedade de vozes. A paranoia anticomunista, o anti-intelectualismo reinante, o tratamento desigual de iguais ou a equiparação indevida de desiguais — tudo isso encontra expressão neste livrinho, que nos transportará muitas vezes do riso culpado à franca gargalhada. E se a gargalhada do povo puder quebrar o encanto que ainda pesa sobre parte dele, tanto melhor.

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ÁLVARO FONSECA DUARTE é professor, apaixonado por educação, literatura, história e simbologia. Coração e alma boêmia, gosta de ouvir as histórias das pessoas pelos bares da vida. Define-se como um escritor de domingo com pretensões literárias e que tem sérios problemas com as vírgulas.

ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA nasceu em Santiago (RS). É engenheiro civil e funcionário aposentado da Caixa. Autor dos livros Os agachados – crônicas da Era Lula (edição 2012), Contos de Chumbo (Chiado Editora 2015), Tintos e Contos (Penalux 2017), O código Locatelli (Penalux 2018), Sofrendo em Paris (Penalux 2018) e Contos de Prata (Penalux, 2020).

CARLOS CASTELO é jornalista e humorista. Como compositor, foi um dos criadores do grupo musical Língua de Trapo. É cronista do Estadão, colunista da revista Bravo! e redator do jornal de humor Micuim. Tem 13 livros publicados, sendo os mais recentes: Crônica por quilo (Noir, 2019), Frases desfeitas (Noir, 2019) e Poesihahaha (Patuá, 2018).

CÉSAR BUENO FRANCO é bacharel em Ciências Sociais, mestre em Sociologia, servidor público, introvertido, habitante convicto e inveterado do interior do Paraná, e escreve metade por desafio metade por desafogo.

CLARA TSCHUMI é curitibana (feliz ou infelizmente), nascida no fim dos anos 2000. Tem uma vida comum, pautada em arte, passeios de ônibus, no curso de História e em cantar de vez em quando. Fez parte do grupo de MPB da UFPR a partir dos 16 anos, depois do coro cênico de Curitiba, e agora se dedica só à faculdade e ao programa de iniciação científica. 

DANIELA FUNEZ, mulher trans e lésbica de 30 anos, nascida em São José do Rio Preto-SP, é formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade de São Paulo, ingressando no mundo artístico por meio do teatro, ingressando na Companhia de Teatro os Satyros e participando no seu período com o grupo dos espetáculos Pink Star, Transex e Cabaret Transperipatético, colaborando com a dramaturgia coletiva do último. É participante do 12º Núcleo de Dramaturgia do Sesi-SP e seu conto “Arquivo T” foi publicado no anuário Visíveis (Filipa Edições, 2020).

DANILO BRANDÃO é um redator publicitário e jornalista paulista de 24 anos, autor do livro de contos Os minutos que me restam (Bar Editora, 2020).

EDSON AMARO é professor, poeta, tradutor, contista e ator. Publicou pela editora Fragmentos seu primeiro livro de poemas, Ouro Preto e outras viagens. Sua tradução do romance Valperga, de Mary Shelley, foi publicada pela editora Buriti e está disponível na plataforma Kindle, junto a outras obras originais ou derivadas do escritor.

ÉRIKA BATISTA é escritora e tradutora, idealizadora do projeto Literatura Russa para Brasileiros. Publicou o livro de poemas Estado da corda sol quando se exagera na tensão (Ipêamarelo, 2020) e traduziu Anotações de um jovem médico e outras narrativas, de Mikhail Bulgákov, para a Editora 34.

FELIPE PINHEIRO BARRETO é graduando em Filosofia, estudioso da Filosofia da Libertação e do Pensamento Decolonial. Amante de crônica, cinema e videogame antigo. É facilmente encontrado balançando em redes de dormir, imitando sarcasticamente algum tipo com o qual não simpatiza ou escrevendo bobagem lá no Medium.

GISELLE FIORINI BOHN é paulistana por acidente porque gosta mesmo é de Campinas, (re)formada em Letras, ex-professora e agora — quem diria! – escritora. Autora da série de quatro livros Alles Gut!, que trata de seu primeiro ano de glórias e gafes na Alemanha, onde vive com sua família. Tem contos publicados em antologias e revistas literárias.

JOÃO PAULO CELESTINO LIMA é graduado em Administração Pública pela UFAL e graduando em Letras pelo IFAL. Escreve prosa e verso desde a adolescência. Recebeu seu primeiro prêmio literário no concurso Dom Fernando Iório, em sua cidade natal. A partir daí, submeteu novos textos a seleções, publicando-os nas seguintes antologias: Contos de Mistério e Suspense: Projeto Apparere (PerSe, 2020), Poemas do coração (Editora IGM, 2019), Orixás: Histórias dos nossos ancestrais (Cartola, 2020) e Coletânea Mensageiros do Amor (EHS Edições, 2020).

JOSÉ LUIS ROCHA nasceu em 1961, em Botafogo, RJ. Formado em Comunicação Social, se aproximou da Literatura em 2012, pela Festa Literária das Periferias — FLUPP. Em 2013 foi o primeiro colocado na categoria romance, com “Esmalte, batom e sangue”. A partir daí, venceu diversos concursos literários, somando onze publicações em antologias e coletâneas. Lançou seu segundo romance, “Vidas de papel”, pela Editora Multifoco, em 2017.

LUCIAN DE PAULA BERNARDI é um urbanista que gosta muito de ficar revoltado com as coisas ruins que a gente tolera nas cidades. Descobriu nos contos um jeito de escrever sobre o urbano que é bem menos chato do que artigos acadêmicos, e agora se arrisca em editais.

MATEUS RIZZO é natural da cidade de Mauá, SP. Foi criado a base de programas de auditório e Looney Tunes, o que, segundo sua mãe, diz muito sobre ele. Depois de fazer leitores gritarem de desgosto com seus textos de terror e chorarem de raiva com seus poemas, percebeu que seu chamado era o humor e o cinismo. De vez em quando posta suas reclamações, disfarçadas de literatura, lá no Medium.

PATRÍCIA DA FONSECA tem 50 anos, é servidora pública estadual, graduada em Turismo e autora do livro A Casa da Frente (Azo, 2017) e do blog “Contos e Encantos”.

PEDRO GUERRA DEMINGOS faz Mestrado na UFRGS, na área de ciência computacional de materiais. Quando não está pesquisando nem programando, dedica uma fração insalubre da sua energia à escrita criativa, pois acredita que a ficção ergue pontes entre as pessoas. 

RICARDO FRANÇA DE GUSMÃO é jornalista, poeta, contista e cronista. Detentor de três Prêmios de Direitos Humanos, sendo dois internacionais, na condição de repórter de polícia e Segurança Pública. Detentor de vários prêmios literários. Idealizador do Festival de Poesia & Artes PoÊterÊ, em Teresópolis/RJ; e um dos fundadores da Sociedade Carnavalesca Embaixadores da Folia da Cidade Maravilhosa (RJ).

RODRIGO DOMIT é um escritor paranaense radicado em Santa Catarina. Autor dos livros Colcha de Retalhos (2011) e Ruínas da Consciência (2018). Edita o blog Concursos Literários, no qual são divulgados certames literários de todo o Brasil, de Portugal e de outros países lusófonos.

Publicitário, jornalista, escritor e pessoa estranha, RODRIGO ORTIZ VINHOLO mora em São Paulo/SP. É autor de “Você Está em Seu Quarto” (2014), “A 17ª Visita” (2016), “O Corpo” (Lendari, 2017), “Sinônimo de Rancor” (2018), “Os Dias em que Rubia Viveu no Futuro” (Lendari, 2019), “33” (2020, Casa Literária) e “Poemas Chatos para Pessoas Ruins” (Darda Editora, 2020) e co-autor de “Dito Pelo Não Dito” (Lendari, 2017).

Aleksandr Aleksandrovitch Blok (1880 – 1921) poeta, dramaturgo e crítico literário russo, foi um dos principais expoentes do simbolismo russo e um dos maiores nomes da Era de Prata, geração de intelectuais do final do Século XIX, começo do Século XX, que contou com numerosos talentos artísticos.

CELSO LOPES é natural de Guará, interior do estado de São Paulo, e está radicado na capital paulista há vários anos. Tem formação em Letras e atua na área de comunicação e marketing. Publicações: Dei bandeira, hein? (mosaicos urbanos), Pedra na Contraluz (Ícone Editora, 2010), A inquietude íntima das Ostras (LivroRápido, 2018).