Nascido e criado em Belo Horizonte, filho de imigrantes judeus ― daí o “falso mineiro” do título ―, Simon Schwartzman faz parte da geração de cientistas sociais brasileiros que se formou nos anos 1960, tendo vivenciado o golpe militar, a ditadura, o exílio e a abertura democrática. Esse grupo foi responsável pela modernização das ciências sociais no país, trazendo novas perspectivas para o debate em torno da democracia, da pobreza, das desigualdades, da cultura, da ciência e da educação.
Neste livro de memórias, o autor abre uma janela para essa época, ao percorrer, a par de sua própria trajetória, a história das políticas públicas adotadas no Brasil nas últimas décadas, incentivando uma discussão lúcida e embasada sobre o nosso momento atual. Da experiência como bolsista do programa pioneiro da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Minas Gerais, de onde saíram alguns dos nossos mais renomados cientistas sociais e economistas, passando pela formação no exterior e pelo retorno ao país como sociólogo, professor e articulista, até a presidência do IBGE, Simon Schwartzman reconstitui as preocupações do período, as formas de atuação no campo das ciências sociais e a abordagem das instituições aos problemas brasileiros. Ao refletir sobre o passado, ele apresenta as ideias que formulou em resposta a uma pergunta vital: por que o Brasil não conseguiu consolidar uma sociedade mais democrática, mais justa e economicamente mais produtiva? Ao longo de sua vida acadêmica, Simon Schwartzman estudou profundamente temas como modernidade, autoritarismo, violência, desenvolvimento científico, educação e cultura. Em Falso mineiro, ele retoma a reflexão sobre essas e outras questões da vida brasileira.
Um olhar retrospectivo honesto e revelador, que não apenas ajuda a pensar sobre temas como o ressurgimento do fantasma do fascismo, o racismo, a busca de liberdade e os rumos da democracia, mas também reitera o valor do conhecimento e da razão como os melhores instrumentos para lidar com os conflitos e as questões sociais.
Simon Schwartzman, cientista político, foi presidente do IBGE e é membro da Academia Brasileira de Ciências.