Quando tem de descrever-se, o autor opta pela expressão armador de narrativas, nos vários sentidos de armador: aquele que dispõe adornos para uma festa, prepara armadilhas, explora uma embarcação mesmo não sendo seu proprietário, aquilo onde se prende uma rede de dormir, aquele que trabalha com funerais ou que abastece um navio com equipamentos e que fornece armas mesmo sem saber manejá-las. E não faz distinção entre narrativas do tipo antes chamado de ficção, ou romances, e as ditas ensaísticas ou teóricas, que não passam de diferentes janelas dando para a realidade. Isso justifica, como diz, ter sido o narrador de História natural da ditadura, Niemeyer um romance, Fúrias da mente, Colosso ou de A cultura e seu contrário e eCultura, a utopia final ou de haver proposto narrativas para o Museu de Arte Contemporânea da USP, como seu diretor, e para o MASP, na condição de curador-coordenador. São narrativas de arte, política, arquitetura ou apenas existenciais (como na expressão risco existencial). E tratou das narrativas de outros, como Foucault, Artaud, George Perec, Georg Groddeck e Alejo Carpentier, a quem traduziu com Jean-Claude Bernardet (e com ele escreveu uma narrativa dos Histéricos). No momento, arma narrativas sobre as culturas e humanidades computacionais, mas não voltadas apenas para ela. São várias, as armações possíveis.