Travessuras de um menino mau e outros ensaios sobre animação
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No decorrer do livro, o autor desmitifica a função pedagogizante que se quis transferir para o desenho animado, partindo do princípio que, antes de parâmetros educativos, os desenhos animados são o resultado de produção técnica e artística, em que cores, traços, estilos, movimentos, cenários, roteiros, vozes de intérpretes e música são planejados em seus mínimos detalhes, a fim de entregar ao público obras de arte sobre as quais refletimos e que refletem sobre nós (crianças e adultos) e não cartilhas de comportamentos ou ideologias.
Do Pica-Pau ao Chaves, passando por Bob Esponja, Padrinhos Mágicos, Papa-Léguas, A viagem de Chihiro, A Noiva-Cadáver, 9 – a Salvação, Ponyo, Death Note, produções da Pixar, DreamWorks e Cartoon, o autor, num diálogo entre enredo e técnica, desmonta estereótipos, mostrando que a criança não recebe passivamente a narrativa dos desenhos, de forma que, diferente do que se teme, não imitarão as atitudes de personagens consideradas polêmicas nas escolas, como o Pica-pau, por exemplo.
A poesia encontrada na ingenuidade de Bob Esponja, ou a sofisticação simbólica da produção de A viagem de Chihiro, abordando temas como os ritos de passagem, vida, morte, responsabilidades, mostram que os desenhos são produções estéticas sofisticadas para o público. Professores, saindo da superfície, podem aproveitar de maneira mais ampla o que os desenhos têm a oferecer, para além da moral da história.
A partir da leitura deste livro, pais e professores poderão buscar muito mais que a moral da história nos desenhos animados de ontem e de hoje, utilizando-os, de maneira consciente e ampla, como instrumento em sala de aula ou na sala de casa.
