Uma das grandes sátiras da literatura de língua inglesa, Viagens de Gulliver vai muito além do imaginário criado sobre o explorador que se descobre gigante em meio aos diminutos liliputianos.
Parodiando os relatos de viagem em voga na época, Jonathan Swift constrói uma narrativa especular e corrosiva que usa o sarcasmo de modo genial para fazer uma crítica feroz à Inglaterra, à monarquia, ao progresso, à ciência e ao olhar arrogante do colonizador. Como um etnógrafo aprendiz que esquadrinha culturas consideradas primitivas, Gulliver enxerga nelas apenas a manifestação do selvagem, do inferior, até perceber as contradições e desumanidades da sociedade dita moderna, tão ou mais primitiva que as outras.
Divertida, amarga e irônica, a obra maior de Swift é um tratado ácido sobre a civilização humana, suas relações e instituições marcadas pela hipocrisia, pelo preconceito e pela ganância.
JONATHAN SWIFT (1667-1745) foi um dos mais importantes escritores de língua inglesa. Nascido em Dublin, Irlanda, fez carreira na Inglaterra, onde trabalhou como secretário antes de se tornar autor de renome e prestigiado diplomata. Sucesso desde a sua publicação em 1726, Viagens de Gulliver é sua obra-prima.