O leitor encontrarÃĄ neste volume variaçÃĩes sobre a questÃŖo da vida no contexto contemporÃĸneo. Como o capital penetra a vida de todo mundo, desde o corpo atÊ a subjetividade? De que modo aparece, no auge dessa captura, uma força vital inusitada? Que traduçÃŖo polÃtica essa biopotÃĒncia estaria em vias de conquistar para si? Ao percorrer domÃnios os mais diversos, da filosofia ao teatro, da polÃtica à loucura, o pensamento Ê deslocado de suas certezas, e pode reencontrar sua vocaçÃŖo maior: no extremo do perigo, sondar as forças que pedem outras composiçÃĩes. Nunca se falou tanto em vida, nunca se interferiu tanto na vida,nunca se defendeu tanto a vida. Mas, afinal, o que significa essa palavra tÃŖo velha e gasta no contexto do capitalismo contemporÃĸneo? Por que em torno dela, mas em domÃnios os mais concretos, travam-se batalhas tÃŖo decisivas, em que estÃĄ em jogo o corpo de cada um e tambÊm a forma de vida de todos nÃŗs? Vida capital propÃĩe um diÃĄlogo com pensadores da atualidade que ousaram enfrentar tais questÃĩes a fundo, para alÊm das categorias polÃticas consagradas. JÃĄ Michel Foucault chamava a atençÃŖo para o seguinte paradoxo: quando o poder investe a vida, a resistÃĒncia se apoia nessa mesma vida que o poder investe. Daà a dificuldade de separar o joio do trigo nas atuais relaçÃĩes entre poder e subjetividade: jÃĄ nÃŖo temos certeza se ao trabalhar, criar, amar, sonhar, ou mesmo resistir, apenas alimentamos uma mÃĄquina social vampiresca ou, ao contrÃĄrio, forjamos as condiçÃĩes para tomar posse da vitalidade individual e coletiva que era nossa. Os ensaios que Peter PÃĄl Pelbart oferece ao leitor, tratem eles de filosofia ou de polÃtica, de teatro ou de loucura, de moda ou de suÃnos, obedecem, assim, a uma dupla exigÃĒncia. Ao mesmo tempo que evocam as novas modalidades de dominaçÃŖo sobre a vida e a subjetividade (biopolÃtica maior), perguntam-se sobre as formas de revide e resistÃĒncia, de associaçÃŖo e de comunidade que se anunciam (biopolÃtica menor).