Já imaginou alguma vez como o artigo de higiene que acabou de retirar da prateleira do seu supermercado aí chegou?
E como chegaram até si as saborosas batatas e o delicioso bacalhau que os portugueses nunca dispensam durante todo o ano?
Aquela roupa que tanto aprecia e que aguarda ansiosamente pela época dos saldos?
Enfim, poderia dar-vos milhares de exemplos, afinal são muito poucos os produtos que produzimos em Portugal e os poucos que produzimos não respondem ás necessidades do povo.
Por isso, a importância capital dos motoristas internacionais que arriscando suas próprias vidas diariamente, nos proporcionam a qualidade de vida que todos apreciamos.
Já alguma vez se interrogou como vivem estes “heróis anónimos”?
Porque optaram por uma vida dura e constante solidão, com fugazes “fugidas” ao seu país de origem para um rápido beijo nos seus entes queridos e meia dúzia de horas depois, novamente, a estrada como fiel companheira?
Alguma vez pensou na enorme responsabilidade que é conduzir um veículo de 17,50 metros, carregado no mínimo com 42 toneladas? Digo mínimo, porque muitas das vezes é superior ao permitido por lei, que são exactamente as 42 toneladas.
Nas dificuldades em manobrar este monstro com as imprudências que assistimos diariamente por parte dos automobilistas dos ligeiros, que aqui em Portugal e não só, teimam em atrapalhar a vida destes solitários e corajosos trabalhadores?
Aquilo porque toma como sendo um simples hábito diário é para um motorista internacional uma constante aventura que terá que ser vencida diariamente.
O simples banho matinal, a confecção de uma refeição quente, são todos os dias desafios que os colocam á prova e aguçam o seu engenho para contornar as dificuldades desta profissão, já de si muito dura.
É no sentido de sensibilizar a população em geral e desta forma homenagear estes fantásticos trabalhadores que relatarei episódios vivenciados por mim, durante cerca de 24 meses nas estradas europeias.
Umas pretendo demonstrar as enormes dificuldades porque passamos. Outras de enriquecimento pessoal, cultural e ao nível mental.
Outras ainda, de pura diversão, solidariedade e entre-ajuda entre profissionais da estrada, sem olhar a cores, credos ou nacionalidades.
Garanto-lhe, caro leitor, que após a conclusão da leitura deste livro, sempre que visionarem um camião TIR o verá com outros olhos, que espero sejam de maior compreensão e respeito, uma vez que, são eles que nos garantem a qualidade de vida que tanto apreciamos e de que não abdicamos nunca.
Chamo atenção para um detalhe que porventura poderá “chocar” os mais letrados e todos aqueles que se pautam por uma linguagem cuidada, como eu ;), é que a narrativa que usarei, doravante, será sem quaisquer censura, com o propósito de perceberem, o mais real possível, todos os sentimentos que vivi durante esta fantástica experiência da minha vida.
Espero, sinceramente, seja do vosso agrado e que as mensagens que pretendo ver transmitidas não encontrem nenhum sinal STOP, semáforo vermelho ou alguma Brigada de Trânsito.
Desfrutem!