Quando nรฃo hรก tempo para poesia a poesia inventa um tempo. O tempo de uma mรบsica, o tempo de um cigarro, o tempo de uma cerveja apressada, o tempo do รดnibus em uma parada, o tempo da espera na fila. A poesia, sendo um dos gรชneros literรกrios mais anarquistas, tambรฉm foi o que melhor se adaptou ao fluir do prรณprio tempo, e existe resistindo bravamente, esquivando-se dos comentรกrios pueris de que o tempo dela se esgotou. Os poemas desse livro, re-cordis, รฉ uma questรฃo de tempo, nรฃo sรณ pelo fato de a poeta รgnes Souza escrever poemas quase que instantรขneos, talvez o tempo de uma bala, mas pela duraรงรฃo, leia-se, reverberaรงรฃo dos cinco, seis versos, que muitas vezes compรตem cada um dos poemas desse livro. Funciona assim, vocรช para rapidamente em um banco de uma praรงa, abre o livro e em trรชs segundos vocรช leu um poema, qualquer outro fator externo pode lhe atrapalhar, sua atenรงรฃo pode ser desviada, mas aqueles segundos de versos podem durar o dia inteiro. Esse รฉ o encanto de poemas curtos quando bem escritos, esse รฉ o encanto do re-cordis. Entรฃo, Que tal um tempinho para um poema? texto de orelha escrito por Talles Azigon