Uma blitz impiedosa nos restaurantes: eis como se pode resumir Cozinha confidencial. Chef de um dos bistrôs mais badalados de Manhattan, o Les Halles, Anthony Bourdain, que é também romancista, fez o impensável neste livro: com doses iguais de perspicácia, maldade e humor, contou todos os segredos da profissão, dos mais sórdidos aos mais divertidos, junto com as falcatruas e safadezas do negócio. Mas não só isso: dono de um interessantíssimo trajeto pessoal, é com prazer indisfarçável que ele aproveita para fazer também um pouco de escândalo autobiográfico.
Como escreve Nina Horta na orelha, "em meio a nuvens de fumaça de maconha, quantidades importantes de cocaína, outras várias drogas e uma animada atividade sexual, Bourdain mistura lembranças e comentários, com direito a mafiosos e Frank Sinatra, muito derramamento de sangue, bebedeiras gigantescas, pitadas de suspense e uma alegria atordoante no ar".
Enquanto expõe as entranhas dos restaurantes - de lavagem de dinheiro ao uso "criativo" de ingredientes com data de vencimento no limite -, Bourdain vai dando conselhos úteis. Restaurante com banheiro sujo, por exemplo, deve ser riscado sumariamente da lista. Banheiro é facílimo de lavar, ele lembra. Se estiver sujo, imagine a cozinha...
Anthony Bourdain nasceu em Nova York em 1956. Depois de exercer todas as tarefas em um restaurante, hoje é chefe executivo da brasserie Les Halles, em Nova York. Escreveu os romances Bone in the throat e Gone bamboo, além de Typhoid Mary (história verídica de uma cozinheira que disseminou febre tifóide em Nova York no início do século XX), antes de lançar seu grande sucesso, Cozinha confidencial, e Em busca do prato perfeito, livro de viagens gastronômicas.