A escola primária como rito de passagem: ler, escrever, contar e se comportar

· Imprensa da Universidade de Coimbra / Coimbra University Press
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Tendo por objetivo o estudo da escola portuguesa no período compreendido entre 1820 e 1910, procuramos a identificação de aspectos concernentes à interface entre as práticas escolares e o debate social sobre as mesmas. Por essa trilha metodológica, propusemo-nos a historiar o cotidiano, pressupondo nele uma história dos atores que vivem a escola; que agenciam o dia-a-dia escolar. Além disso, tínhamos a intenção de entrelaçar esse ensaio da escola que passou com as representações postas no imaginário pedagógico da sociedade portuguesa na referida época. Por ser assim, pretendíamos verificar a intersecção entre os modos como a sociedade percebia o fenômeno da instrução e os procedimentos realmente adotados para o ensino, com a finalidade de reconstruir pela escrita alguns aspectos que pontuaram o universo simbólico acerca da educação em Portugal de um século atrás. A escola primária era, em Portugal do século XIX (1820-1910), um ritual entre gerações. À infância, era suposto o reconhecimento escolar da tradição do povo e do passado do país. À infância seria também entregue o futuro. Cabia, portanto, à escola a projeção desse futuro, a exemplo do passado. Compreender a sociedade portuguesa do período exigiria então o reconhecimento desse intervalo entre passado e futuro; essa mudança de temporalidade representada pelos anos de escola. A escola era uma ‘forma’, um ‘modelo’ de criação e de irradiação de valores; valores que, muitas vezes ‘reproduzindo’, no mínimo, ela ajudou a criar. A escola primária era também a instituição que a comunidade reclamava para se fortalecer. A escola era o lugar de produção do cenário coletivo para a generalização do código da escrita. A escola era enfim o ambiente que paradoxalmente se opunha e complementava a ação familiar. O presente trabalho procurou então rastrear os sinais do discurso sobre a escola: quem era enfim essa escola que a modernidade criou, e no que supostamente ela se deveria tornar? Nesse diálogo entre o domínio da realidade do ensino e as prescrições - legais, intelectuais, institucionais, literárias - sobre o ideal educativo almejado, procurou-se interpretar a variação das fontes, estabelecendo sentidos, conexões, inferências, regularidades; enfim, compondo um relato. Na longa duração de quase um século, procurou-se perceber as rupturas e permanências de uma atmosfera escolar, cujos alicerces talvez tenham algo a dizer à nossa contemporaneidade pedagógica. 

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About the author

Carlota Boto é professora associada da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). É também pesquisadora do CNPq. Licenciou-se na USP, em Pedagogia (1983) e em História (1988). É mestre em História e Filosofia da Educação pela Faculdade de Educação da USP (1990), doutora em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (1997) e livre-docente em Filosofia da Educação pela FEUSP (2011). Iniciou sua carreira no magistério primário, em 1981, lecionando em vários colégios da cidade de São Paulo. A partir de 1987 até 2002, foi docente da Faculdade de Ciências e Letras  da Universidade Estadual Paulista - UNESP/Campus de Araraquara, onde atuou como professora de História da Educação. Publicou, pela Editora Unesp, o livro A escola do homem novo: entre o Iluminismo e a Revolução Francesa. Desde 2002, é docente da área de Filosofia da Educação da Faculdade de Educação da USP, em cujo Programa de Pós-Graduação orienta mestrados e doutorados, no campo da história e da filosofia da educação.

 

She is Associate Professor at the Faculty of Education of the University of São Paulo (USP) and researcher at CNPq, and has been lecturing in Educational Philosophy since 2001. She gained her degree in Pedagogy from the same institution in 1983 and a further degree in History in 1988. She holds a Master’s Degree in the History of the Philosophy of Education from USP (1990), and a Doctorate in Social History from the Faculty of Philosophy, Letters and Human Sciences of USP (1997). She began her primary school career in 1981, teaching in several São Paulo schools. Between 1987 and 2002 she was a teacher at the Faculty of Science and Letters at the Paulist State University (UNESP – Araraquara Campus) where she worked as Professor of the History of Education. She has published A escola do homem novo: entre o Iluminismo e a Revolução Francesa  (Unesp). Since 2002 she has been a Professor in the area of the Philosophy of Education at the Faculty of Education of the University of São Paulo, where she has been working as a coordinator on the post-graduate program at Masters and Doctoral level in the fields of history and philosophy of education.

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