Em Medicina dos horrores, a historiadora Lindsey Fitzharris narra como era o chocante mundo da cirurgia do século XIX, que estava às vésperas de uma profunda transformação. A autora evoca os primeiros anfiteatros de operações — lugares abafados onde os procedimentos eram feitos diante de plateias lotadas — e cirurgiões pioneiros, cujo ofício era saudado não pela precisão, mas pela velocidade e pela força bruta, uma vez que não havia anestesia. Não à toa, os mais célebres cirurgiões da época eram capazes de amputar uma perna em menos de trinta segundos. Trabalhando sem luvas e sem qualquer cuidado com a higiene básica, esses profissionais, alheios à existência de micro-organismos, ficavam perplexos com as infecções pós-operatórias, o que mantinha as taxas de mortalidade implacavelmente elevadas.
É nesse cenário, em que se considerava mais provável um homem sobreviver à guerra do que ao hospital, que emerge a figura de Joseph Lister, um jovem médico que desvendaria esse enigma mortal e mudaria o curso da história. Concentrando-se no tumultuado período entre 1850 e 1875, a autora nos apresenta Lister e seus contemporâneos e nos conduz por imundas escolas de medicina, os sórdidos hospitais onde eles aprimoravam sua arte, as “casas da morte” onde estudavam anatomia e os cemitérios, que eles volta e meia invadiam para roubar cadáveres.
Chocante e revelador, Medicina dos horrores celebra o triunfo de um visionário, cuja busca para atribuir um caráter científico à medicina terminou por salvar milhões de vidas.
Lindsey Fitzharris recebeu seu grau de doutora em história da ciência e da medicina na Universidade de Oxford. É a criadora do popular site The Chirurgeon’s Apprentice, bem como autora e apresentadora da série Under the Knife, no YouTube. Escreveu para veículos como The Guardian, The Huffington Post, The Lancet e New Scientist. Atualmente, mora no interior da Inglaterra com o marido, Adrian Teal, e seus dois gatos.