A família Medeiros

· Carambaia
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Em romance antiescravagista, escritora brasileira constrói uma crítica severa ao patriarcado.

Abolicionista, feminista e republicana já nas duas últimas décadas do século XIX, Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) foi uma das escritoras mais ativas e mais lidas de seu tempo, mas, como muitas outras, passou por um processo de apagamento histórico que ainda não foi de todo reparado. Este romance, que em 2021 completa 130 anos, foi a obra que a tornou conhecida em seu tempo ao apresentar uma trama bem arquitetada que passa por uma história de amor e por mais de um mistério a ser desvendado. No entanto é também, do início ao fim, a narrativa do conflito entre jovens abolicionistas e escravistas, estes dispostos às piores crueldades para manter as coisas como estão.

O enredo começa com a chegada de Otávio Medeiros, depois de uma temporada de estudos na Europa, à fazenda de seu pai, o comendador Medeiros, no interior de São Paulo. Otávio vem para o Brasil com ideias avançadas contra a escravidão e a favor da modernização da agricultura, em oposição às convicções de seu pai. Na casa da fazenda Santa Genoveva mora agora uma prima, Eva, uma jovem altiva que não só nutre ideias abolicionistas como intervém contra os maus tratos aos escravos e contribui financeiramente para fundos de alforria. Em torno de Eva há um segredo que faz tremer o comendador. Na figura do chefe da família Medeiros, Júlia Lopes de Almeida constrói uma crítica severa ao patriarcado. Além de perverso com os escravos, o comendador é uma pessoa retrógrada, machista e intransigente.

Em A família Medeiros, que não por acaso a escritora terminou de escrever em 1888, ano da Lei Áurea, a convicção abolicionista vem lastreada por um painel do período de transição que transcorria, com fugas e rebeliões de escravos frequentes, acompanhadas do protagonismo das vozes antiescravagistas e chegada dos primeiros imigrantes europeus.

O projeto gráfico evoca a camélia, flor que se tornou um símbolo do abolicionismo. Ela era usada como uma espécie de código secreto para homens e mulheres que, ao portarem a flor ou cultivá-la em um canteiro, davam o sinal de serem apoiadores da luta pelo fim do sistema escravagista.

About the author

Júlia Valentim da Silveira Lopes de Almeida nasceu na cidade do Rio de Janeiro em família de elite, e fez seus estudos em casa. Seu pai, médico nascido em Portugal, viria a ser nomeado visconde de São Valentim. Passou boa parte da infância em Campinas, onde, aos 19 anos, começou a colaborar com a "Gazeta de Campinas" e três anos depois no carioca "O País", uma colaboração que se estendeu por três décadas, período em que defendeu o divórcio e o direito ao voto e à educação pública para todas as mulheres. Em 1886, mudou-se para Lisboa, onde publicou, no ano seguinte, o volume "Contos infantis", coescrito pela irmã, Adelina Lopes Vieira. Casou-se pouco depois com Filinto de Almeida, que era diretor da revista "A semana ilustrada", que circulava no Brasil e passou a ter Júlia como colunista.

Retornando ao Brasil, publicou seu primeiro romance, "Memórias de Marta". O livro seguinte foi "A família Medeiros", que esgotou sua primeira edição em três meses. Ao todo a obra de Júlia é composta por dez romances, três coletâneas de contos e novelas, três compilações de crônicas, além de peças de teatro, poemas, relatos de viagem e conferências ministradas tanto no Brasil quanto no exterior. Colaborou com numerosos jornais e revistas, entre elas "A semana", na qual Machado de Assis também escrevia. Entre seus romances mais importantes estão "A falência" – que é considerado uma continuação de "A família Medeiros" – e "A intrusa". Teve três filhos, todos escritores pouco conhecidos, e morreu de complicações de uma febre amarela provavelmente contraída na África.

Júlia participou do grupo de intelectuais que planejou a criação da Academia Brasileira de Letras (ABL) e constava da primeira lista de imortais que constituíam a organização. Na primeira reunião, contudo, seu nome foi excluído porque os demais participantes concluíram que, como a Academia Francesa, a brasileira não deveria aceitar mulheres. Em seu lugar, emblematicamente, entrou o marido, Filinto de Almeida. O veto à participação feminina só terminou em 1977.

Ao lado de Bertha Lutz, Júlia teve participação ativa na fundação da Legião da Mulher Brasileira, em 1919, da qual foi presidente honorária, e, no ano seguinte, colaborou para a criação da Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher, embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, fundada no Rio de Janeiro em 1922.

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