Aymmar Rodriguéz surgiu nos idos da década de 1980, tão logo eu encerrava minha curta participação no Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco – o maior movimento literário do final do século 20, em Recife. Quando eu “recebi” um texto chamado Inclusive cenouras – encenado no Bar Abraxas, em Olinda – eu pensei: tem coelho nessa moita. Ou melhor: tem algo estranho aí.
O estilo ácido e debochado de Aymmar Rodriguéz veio numa grande avalanche, canalizada principalmente por happenings nos bares olindenses – não me perguntem detalhes, acho que determinados excessos foram sumariamente deletados da minha mente – e na coluna de Paulo Azevedo Chaves, que então assinava no jornal Diário de Pernambuco, um concorrido e importante espaço de divulgação de artistas plásticos e escritores, do Recife e outras cidades. Mas pelos palavrões e pela temática usualmente homoerótica, muitos dos poemas foram censurados pela editoria do jornal. Vieram a público os textos mais palatáveis e menos polémicos.
Assim como surgiu, Aymmar aparentemente eclipsou-se. Alguns anos mais tarde fui morar fora do país, e este poeta nunca mais deu o ar da sua graça. Foram mais de 10 anos sem escrever uma linha sequer. (RdeM)