As necrópoles do municipium de Felicitas Iulia Olisipo, actual cidade de Lisboa, conheceram ao longo do séc. I d. C. uma expressiva presença de monumentos funerários em pedra, reflexo da prosperidade e dinamismo da região, bem como de uma pujante Romanidade. A abundância de material de qualidade, extraído nas pedreiras locais, permitiu que chegassem aos nossos dias muitos destes monumentos. Entre eles, o mais numeroso e talvez o mais caracteristicamente olisiponense é a cupa, termo que se deve à sua cobertura semicilíndrica. No presente estudo pretende-se não apenas dar um contributo para a análise deste grupo local de monumentos até agora escassamente estudado, incluindo a inventariação de todos os exemplares conhecidos, como também contextualizá-lo no âmbito alargado do Império Romano, reflectindo sobre o complexo panorama das cupae e das múltiplas variantes que assumem. A proposta de uma relação deste consistente e precoce grupo tipológico com populações imigrantes itálicas que se terão estabelecido nos campos de Olisipo nos alvores do Império com base nos dados epigráficos, sobretudo antroponímicos e o repertório das suas diversas características próprias face aos paralelos que se podem vislumbrar, na Hispania e no Império, são alguns dos elementos que importa trazer a debate.