Antonio Candido (1918-2017) não foi apenas o maior crítico literário brasileiro. Foi também o último representante da geração que produziu intelectuais do porte de Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector, entre tantos outros. Intérprete do Brasil, Candido partilhava com Gilberto Freyre, Caio Prado Jr., Celso Furtado e Sérgio Buarque de Holanda uma largueza de escopo que o pensamento social do país jamais voltaria a igualar, aliando anseio por justiça social, densidade teórica e qualidade estética. Com eles também partilhava o gosto pela forma do ensaio, incorporando o legado modernista numa escrita a um só tempo refinada e cristalina. Com seu saber enciclopédico, sua atitude generosa e seu olhar sensível sobre a cultura e a sociedade, Candido integra uma linhagem de pensadores latino-americanos que marcariam para sempre a produção intelectual do continente, com influência internacional.