No início... houve um macaco espertalhão que desceu da árvore para comer frutos caídos no chão, mais maduros, logo, mais doces, logo, mais fermentados, isto é, com um leve cheirinho a álcool. Outros macacos se lhe seguiram e, com o aumento das calorias consumidas, foi um passo até que lhes crescesse o cérebro, a coluna se endireitasse e as mãos se libertassem. Mais um passo... e estávamos a ir à ópera. A teoria que coloca o álcool na origem da evolução humana justifica a nossa insaciabilidade milenar. É dela que parte o escritor Afonso Cruz para este retrato inusitado da civilização acumuladora, gananciosa e um tanto louca na qual desembocámos. Do macaco original à criação da cerveja, que impulsionou a sedentarização e cativou Jesus Cristo, assistimos ao desenrolar das consequências do consumo de álcool. Da embriaguez à civilização, a nossa história nunca foi contada assim.