Temos vivido de espasmo em espasmo, um espasmo se sobrepondo ao outro, como se vivêssemos numa eterna respiração de afogados que apenas por um instante conseguem subir à superfície. Neste livro, a premiada jornalista Eliane Brum recupera o que perdemos: o processo. A partir de seu ponto de vista sempre singular, ela aponta o que é ruptura, o que é continuidade. Narra as transformações de um país que acreditava ter finalmente chegado ao futuro, mas descobriu-se atolado no passado. Partindo das reportagens e artigos de opinião escritos nos últimos anos, especialmente para sua coluna no jornal El País, ela documenta não só as mudanças objetivas, mas também as subjetivas, às vezes mais determinantes - da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro operário a alcançar o poder, aos primeiros cem dias do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro. Também analisa temas centrais para a compreensão das duas primeiras décadas deste século, como o crescimento dos evangélicos, o racismo estrutural, a violência que mata os mais pobres, os novos feminismos, a desmemória e o autoritarismo que nos espreita há mais tempo do que admitimos. E interpreta o Brasil a partir da violação da floresta por governos tanto de esquerda quanto de direita. A Amazônia é o "centro do mundo - e também deste livro.
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