Após uma viagem no tempo, tomado por imensa força que emana de suas memórias revivificadas, Matos encontra-se com ele mesmo aos 4 anos de idade e busca um teclado para digitar sua grande experiência de “crescer de novo”. Trata-se, portanto, de uma história narrada com muita energia e criatividade, embelezada pelas poesias que foram entoadas nos momentos em que Matos mergulhava nas profundezas do seu inconsciente. Vale enfatizar que, embora a escrita tenha sido de Matos crescido, boa parte do livro não foi narrada por ele com sua mente de adulto, mas pelo adolescente e, principalmente, pela criança que ele foi; isso muda tudo – foram muitas as emoções materializadas neste exemplar. Indagado sobre a obra, Matos responde: “Este livro desabou sobre mim como uma chuva incandescente e torrencial, despertando-me outros sentidos, trazendo-me novas experiências, em outros níveis de consciência e de realidade. Eu fiquei fascinado.” Sua linguagem, focada na beleza da simplicidade para lidar com ideias mais complexas, flexível como tem que ser para a leitura fluir, é muito enriquecida pelas poesias que brotam no texto, conferindo-lhe diversas camadas de leitura, onde reflexões mais profundas são abordadas de forma inusitada.