Esta nova publicação de André Albuquerque é, antes de tudo, uma grande audácia. Escrevo no momento em que o Brasil passa por uma reviravolta política, com a ascensão de um candidato de extrema-direita ao principal cargo público do país. Entre os termos utilizados por esse personagem está o neologismo "coitadismo". É como ele se refere àqueles que propõe as ações afirmativas, como, por exemplo, as cotas para negros em universidades públicas. Justamente neste ponto entra a contribuição de André. Ele desvelou as práticas escravistas, racistas e etnocêntricas que permearam a história do Brasil desde sempre. Seu livro é um chamado à reflexão e, ao mesmo tempo, um eloquente discurso em defesa dos "povos de cor". Não há vitimismos, o que há são vítimas. A brutal desigualdade social em nosso país foi resultado de um sistema destinado a produzir desigualdades mesmo. Não se trata de um país fracassado em sua construção. Trata-se, ao contrário, da implementação consciente de um país injusto, perverso, racista e, acima de tudo, com um terrível preconceito de classe. Com vasto conhecimento de história do Brasil e da importância do povo negro nesta construção, André teve a generosidade de compartilhar isso conosco.