Esta ideia de um Cancioneiro Alegre sugeriu-a ao comentador um formoso livro escocÃĒs intitulado The Book of Humours Poetry, impresso recente e primorosamente em Edimburgo. à leitura variada, deliciosa, ridentÃssima sempre, nÃŖo das casquinadas que nos distinguem tristemente entre os animais, mas do sentir Ãntimo de contentamento quando vemos bem solfejada nos versos a prosa ridÃcula das nossas esquipaçÃĩes.
Ambicionei patrioticamente ver assim um livro de poetas portugueses e brasileiros; mas logo me assaltou a contrariedade de que o poeta, em Portugal principalmente, por via de regra, desabrocha os seus botÃĩes de flor à s lÃĄgrimas da aurora â nasce a chorar; e, se chega a adulto e secou os prantos, Ê porque foi despachado â arranjou-se; e, enquanto o nÃŖo arranjam melhor, chora em prosa no seio do deputado amigo, em memoriais plangentes, que entram como sudÃĄrios na pasta do ministro. Se o ministro jÃĄ trovou como Serpa, ou Andrade Corvo, Mendes Leal, TomÃĄs Ribeiro, ou Couto Monteiro, o poeta, mais hoje ou mais amanhÃŖ, se for de pouco sustento, pode contar que sobreviverÃĄ ao seu despacho e enxugarÃĄ as pÊrolas dos seus olhos ao plastron do ministro como HorÃĄcio limpava as suas remelas à s tapeçarias do monopÃŗdio de Mecenas.
Entrei a inventariar na minha estante de poetas uns que tinham perecido de amores fulminantes e outros de anemia, antes de chegarem ao capitÃŗlio de verificadores de alfÃĸndega, de escriturÃĄrios da Fazenda e ministros da coroa. Esses pouco me deram. Pertenciam à quadra ominosa do sentimentalismo. Estavam mortos para todos os efeitos.
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