Em Dia da libertação, George Saunders volta a empregar seu talento elástico para criar composições ficcionais incomuns. São nove textos de estilo e arranjo variados, que tratam de quem somos nós nesse mundo incompreensível em que vivemos. Tal os personagens deste livro, somos aqueles incapazes de perceber as construções sociais e familiares que nos obrigam a cumprir tarefas que nunca se completam, vivendo numa espécie de atuação permanente para uma suposta audiência que nunca chega. Somos também aqueles que, ao tentar fazer o que é certo, descobrem que a cada ação embrenha-se mais e mais numa cadeia de efeitos que só nos afasta da certeza e da correção.
Vivemos num mundo onde as relações estão contaminadas pelo uso inescrupuloso e automatizado da linguagem, em que todos os dias se viola "mais uma norma de decoro" a ponto de não restar "nenhuma forma de indignação". Somos trabalhadores lobotomizados para a satisfação de uma "companhia", escravizados num parque de diversões, ou então temos nossas memórias apagadas e nos tornamos zumbis extremistas. Mas somos também mães e pais de família protetores, com histórias de trabalho, de traição, ganância e ciúmes.
Ao percorrermos estes contos, Saunders nos faz sentir um prazer estranho, como o de "um fantoche que, apanhado no chão, desfruta das mãos que repentinamente o manipulam". Um livro desconcertante e libertador.
"Num futuro próximo, um avô explica como os americanos perderam suas liberdades por meio de pequenas concessões a um governo autoritário. Pessoas vulneráveis sofrem lavagem cerebral e são reprogramadas como manifestantes políticos. Pobres são escravizados para entreter os ricos e forçados a recriar cenas da história americana. Nestes relatos poderosos e perspicazes, George Saunders evoca uma nação em declínio moral e espiritual, onde atos de bondade cintilam como luzes na escuridão." — Esquire
GEORGE SAUNDERS nasceu em Amarillo, no Texas, em 1958. Estudou escrita criativa na Universidade de Syracuse, trabalhou como redator técnico de uma empresa de engenharia ambiental e, em 2006, recebeu a prestigiosa bolsa da MacArthur Fellowship. Dele, a Companhia das Letras publicou o volume de contos Dez de dezembro (finalista do National Book Award e ganhador do Folio Prize) e o romance Lincoln no limbo, vencedor do Man Booker Prize.