Moço em estado de sítio

· Temporal Editora
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Sobre este e-book

Escrito em 1965, este texto traz à cena os embates do protagonista Lúcio Paulo com os demais integrantes de um coletivo teatral do qual participa. Além das disputas por protagonismo, dos conflitos amorosos e dos desentendimentos políticos e estéticos entre os membros do grupo, a peça retrata os embates do jovem com seu pai, Cristóvão, um funcionário público que, aborrecido com os frequentes pedidos de empréstimo por parte do filho, o pressiona a trabalhar em um escritório de advocacia, no qual se forjam atas de assembleias que sequer ocorreram. Concebida por meio de frequentes cortes sequenciais, quase cinematográficos, Moço em estado de sítio sintetiza as dificuldades do engajamento político, as disputas em torno das diferentes correntes estéticas e os dilemas éticos e materiais enfrentados pela esquerda brasileira a partir da ruptura institucional de 1964, com o advento do golpe civil-militar, antecipando elementos de peças posteriores de Oduvaldo Vianna Filho, como Mão na luva e Rasga coração.

Sobre o autor

Oduvaldo Vianna Filho nasceu no Rio de Janeiro em 1936, filho de um dramaturgo (Oduvaldo Vianna) e de uma radialista (Deocélia Vianna). Ligado à militância política comunista por influência de seus pais, cresceu em contato com quadros históricos do PCB (Partido Comunista Brasileiro). Ao ingressar no movimento estudantil, ainda na adolescência, organizou, juntamente com Gianfrancesco Guarnieri e outros companheiros, o Teatro Paulista do Estudante, deixando clara desde o início sua opção artística por um teatro empenhado na transformação da sociedade. Ao longo de sua carreira, Vianna participou de frentes de trabalho fundamentais para a renovação da dramaturgia e do teatro como veículos de reflexões estéticas e políticas: o Teatro de Arena de São Paulo, entre 1955 e 1960, o Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC da UNE), entre 1961 e 1964, e o grupo Opinião, do Rio de Janeiro, entre 1964 e 1967. No CPC seu trabalho teve crucial importância para a criação de um teatro político de rua, do qual ele participou como dramaturgo e como ator. Em 1964, com o golpe e a implantação do regime autoritário, a UNE foi fechada e posta na clandestinidade. A perseguição política tornou impossível a continuidade do projeto cultural que ali se desenvolvia, e a prioridade artística e política de Vianna, dentro dessa nova e difícil conjuntura, passa a ser a resistência ao golpe, entendida como primeiro passo para a luta contra o autoritarismo. Em 1968, com o Ato Institucional número 5, é implantada a censura prévia aos meios de comunicação, e acirra-se a repressão a todos aqueles ligados à militância e à arte de esquerda. A necessidade de trabalhar e o desejo de atingir outras faixas de público levam Vianna a estreitar seus laços com a televisão, já que todas as suas peças haviam passado a ser sumariamente proibidas pela censura. Escrevendo inicialmente para o programa de teleteatro de Bibi Ferreira (Bibi – Série Especial), na Tupi do Rio de Janeiro, Vianna (juntamente com seu ex-companheiro do CPC, Armando Costa) passa, em 1973, a criar, na TV Globo, os roteiros de A Grande Família, programa em que o talento de comediógrafo herdado de seu pai, Oduvaldo Vianna, se fez sentir. A censura impediu que a grande maioria das peças que Vianna escrevera após o golpe fossem encenadas, mesmo que tivessem sido premiadas pelo concurso de dramaturgia do Serviço Nacional de Teatro, como Papa Highirte, de 1968, e Rasga coração, de 1974, seu último trabalho. Mesmo após sua morte, em 1974, suas peças têm se mantido perturbadoramente atuais, e o mergulho no conhecimento de seu trabalho é obrigatório para todos os que acreditam que o teatro tem papel importante na história das lutas contra a opressão e a desigualdade.

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