A crescente necessidade de mudanças profundas na abordagem da saúde e nas práticas de atenção tem gerado intenso debate internacional, convergindo para a proposição de um novo paradigma. Este é baseado na promoção da saúde, a qual defende uma evolução substantiva no modo como são formuladas e implementadas as políticas públicas, sociais e econômicas que influenciam diretamente as condições de saúde da população. Neste livro, a autora reconstitui com maestria a história social da tessitura do conceito e das práticas de promoção da saúde como crítica ao entendimento prioritariamente biomédico da saúde. Analisa como Brasil e Canadá incorporaram em suas políticas públicas a proposta de promoção da saúde ratificada pela Declaração de Otawa, em 1986, assim como também os componentes conceituais da proposta, teoricamente e em suas apropriações pelos dois países. No caso do Brasil, a análise centrou-se na proposta do SUS, e no do Canadá examinaram-se os diversos documentos originários da proposta e de sua evolução. Disso emergem e são abordadas as discussões sobre a medicina como instituição social, a crise do Estado, o Estado neoliberal e a cooperação técnica internacional em saúde. Obra que, por seu conteúdo, provoca instigantes questões, aqui tratadas primorosamente por Lucíola.